quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Estresse Aumenta Risco de Doenças nos Olhos

No Brasil o estresse atinge 70% da população segundo levantamento da ISMA (International Management Stress Association). Para piorar, a alimentação do brasileiro não vai bem. O IBEG (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que 40% da população adulta está acima do peso, mas o consumo de frutas, legumes e verduras no País é baixo, um claro sinal de deficiência alimentar. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, além dos maus hábitos alimentares, o déficit nutricional pode ser causado por transformações decorrentes do processo de envelhecimento, estresse e má absorção dos alimentos provocada por tabagismo, doenças ou medicamentos.

Quando o assunto é visão, ele diz que além do excesso de atividade física ou intelectual, os principais fatores estressantes são: esforço visual provocado pelo uso de óculos de grau desatualizados e uso intensivo do computador.

ESGOTAMENTO DE NUTRIENTES É MAIOR ENTRE MULHERES

O especialista afirma que o estresse esgota alguns nutrientes. Destaca o magnésio, potássio e cálcio que mantêm o bom funcionamento de todos os músculos, inclusive dos orbiculares que respondem pelo movimento das pálpebras. Por conta desse esgotamento, comenta, é cada vez mais freqüente o número de pacientes que chega ao consultório com espasmo palpebral, na proporção de duas mulheres para cada homem. Ele afirma que a incidência é maior entre mulheres porque muitas tomam diurético para emagrecer e acabam eliminando potássio na urina. É um perigo, adverte, porque a deficiência de potássio pode levar à arritmia cardíaca. Outro fator, observa, é a menor absorção do cálcio na pós-menopausa causada pela queda da produção de estrogênios.

Além do estresse, o consumo excessivo de cafeína, álcool e açúcar podem levar à deficiência desses nutrientes e causar o movimento involuntário das pálpebras. Por isso, para muitas pessoas basta diminuir este consumo para eliminar o problema.

Nos casos persistentes, ele diz que o tratamento requer suplementação nutricional que é estabelecida após exame de sangue, para evitar problemas mais graves como hipertensão arterial, osteoporose, arritmia cardíaca e até alguns tipos de anemia.

ANTIOXIDANTES BENEFICIAM SAÚDE OCULAR

Outro efeito do estresse sobre os olhos é o acúmulo de radicais livres que acelera a oxidação das células e pode levar à perda da visão.

Queiroz Neto afirma que em diversos estudos internacionais há evidências de que incluir na dieta antioxidantes – betacaroteno, luteína, zeaxantina, vitamina E, vitamina C – associado a zinco protege os olhos dos danos causados pelos radicais livres. Isso não quer dizer que a suplementação recupere a visão ou impeça o desenvolvimento da degeneração macular, maior causa de cegueira irreversível no mundo.

Entretanto, um estudo do National Eye Intitute, órgão do governo americano, aponta que a suplementação com antioxidantes reduz em 25% a progressão da doença. Já contra a catarata ele diz que o melhor protetor é a luteína que filtra a luz azul, responsável pela oxidação do cristalino. Outros nutrientes como óleo de linhaça e ômega-3 são benéficos para o olho seco que se agrava no inverno com o aumento da estiagem. Queiroz Neto diz que o ressecamento da lágrima associado ao acúmulo de poluentes no ar torna os olhos mais vulneráveis a alergias e contaminações por vírus ou bactérias. Todos estes nutrientes são encontrados nos alimentos.

As fontes de nutrientes que preservam a saúde ocular são:

VITAMINA A/ BETACAROTENO

- Ovos, laticínios, cenoura, pimentão vermelho, manga e folhas de verde intenso

VITAMINA E

- Amêndoas, semente de girassol

VITAMINA C

- Frutas cítricas, mamão, tomate, brócolis

ZINCO

- Mariscos, ostras, feijão, lentilha, nozes

LUTEÍNA

- Gema de ovo, folhas verdes, ervilha

ZEAXANTINA

- Milho, pimentão amarelo, laranja, abóbora.

ÔMEGA 3

- Bacalhau, salmão, atum, arenque, semente de linhaça

Os suplementos só devem ser usados sob prescrição médica. Isso porque altas doses de zinco podem causar câncer de próstata e entre fumantes o betacaroteno em grande quantidade aumenta o risco de câncer no pulmão.
Fonte: Tribuna News


Klaus Dettweiler, Taoan Kokay, Celso Henrique Ferro 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Estudo relaciona descrença religiosa a QI alto


Um artigo de pesquisadores europeus, que será publicado na revista acadêmica Intelligence em setembro, defende a tese de que pessoas com QI (Quociente de Inteligência) mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas.
O texto é assinado por Richard Lynn, professor de psicologia da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte, em parceria com Helmuth Nyborg, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e John Harvey, sem afiliação universitária.
Lynn é autor de outras pesquisas polêmicas, entre elas uma sugerindo que os homens são mais inteligentes do que as mulheres.
A conclusão é baseada na compilação de pesquisas anteriores que mostram uma relação entre QIs altos e baixa religiosidade e em dois estudos originais.
Em um desses estudos, os autores compararam a média de QI com religiosidade entre países.
No outro estudo, eles cruzaram os resultados de jovens americanos em um teste alternativo de habilidade intelectual (fator g) com o grau de religiosidade deles.
Na pesquisa entre países, os pesquisadores analisaram média de QI com o de religiosidade em 137 países. Os dados foram coletados em levantamentos anteriores.
Os autores concluíram que em apenas 23 dos 137 países a porcentagem da população que não acredita em Deus passa dos 20% e que esses países são, na maioria, os que apresentam índices de QI altos.
Exceções
Os pesquisadores dividiram os países em dois grupos.
No primeiro grupo, foram colocados os países cujas médias de QI são mais baixos, variando de 64 a 86 pontos. Nesse grupo, uma média de apenas 1,95% da população não possui crença em Deus.
No segundo grupo, onde a média de QI era de 87 a 108, uma média de 16,99% da população não possui crença em Deus.
Os autores argumentam que há algumas exceções para a conclusão de que QI alto equivale a altas taxas de ateísmo.
Eles citam, por exemplo, os casos de Cuba (QI de 85 e cerca de 40% de descrentes) e Vietnã (QI de 94 e taxa de ateísmo de 81%), onde há uma porcentagem de pessoas que não acreditam em Deus maior do que a de países com QI médio semelhante.
Uma possível explicação estaria, segundo os autores, no fato de que "esses países são comunistas nos quais houve uma forte propaganda ateísta contra a crença religiosa".
Outra exceção seriam os Estados Unidos, onde a média de QI é considerada alta (98), mas apenas 10,5% dizem não possuir crença em Deus, uma taxa bem mais baixa do que a registrada no noroeste e na região central da Europa – onde há altos índices médios de QI e de ateísmo.
Lynn diz que uma explicação para o quadro verificado nos Estados Unidos pode estar no fato de que "há um grande influxo de imigrantes de países católicos, como México, o que ajuda a manter índices altos de religiosidade".
Mas ele reconhece que mesmo grupos que emigraram para os Estados Unidos há muito tempo tendem a ter crenças religiosas fortes e diz que, simplesmente, não consegue explicar a realidade americana.
Generalização
Os autores argumentam que essa relação entre QI e descrença religiosa vem sendo demonstrada em várias pesquisas na Europa e nos Estados Unidos desde a primeira metade do século passado.
Eles citam, também, uma pesquisa de 1998 que mostrou que apenas 7% dos integrantes da Academia Nacional Americana de Ciências acreditavam em Deus, comparados com 90% da população em geral.
Lynn admitiu à BBC Brasil que os resultados apontam para uma "generalização" e que há pessoas com QI alto que têm crenças religiosas fortes.
Segundo ele, há vários fatores, como influência familiar ou pressão social, que influenciam a religiosidade das pessoas.
"Nós temos que diferenciar a situação hoje com outros períodos da história. As pessoas tendem a adotar uma atitude de acordo com a sociedade em que vivem. Hoje em dia, na Grã-Bretanha e em outros países europeus, não há tanta pressão da sociedade para que você acredite em Deus", afirma.
Uma das hipóteses que o estudo levanta para tentar explicar a correlação entre QI e religiosidade é a teoria de que pessoas mais inteligentes são mais propensas a questionar dogmas religiosos "irracionais".
Dúvidas
O professor de psicologia da London School of Economics, Andy Wells, porém, levanta questões sobre a tese.
"A conclusão do professor Lynn é de que um QI alto leva à falta de religiosidade, mas eu acredito que é muito difícil ter certeza disso", afirma.
De acordo com Wells, vários estudos já demonstraram que pessoas com níveis de QI altos tendem a ter níveis de educação mais altos.
"E quanto mais educação as pessoas têm, é mais provável que elas tenham acesso a teorias alternativas de criação do mundo, por exemplo", afirma Wells.
O jornal de psicologia Intelligence, publicado na Grã-Bretanha, traz pesquisas originais, estudos teóricos e críticas de estudos que "contribuam para o entendimento da inteligência". Acadêmicos de universidades de vários países fazem parte da diretoria editorial.
 

Klaus Dettweiler, Taoan Kokay, Celso Henrique Ferro 

Nova geração de crianças nos EUA tem medo dos maus alimentos


Sódio. É isso que preocupa Greye Dunn. Ele também pensa em calorias, e se está consumindo vitaminas suficientes. Mas é o sódio que realmente o assusta. "O sódio faz o coração bater mais rápido, e por isso pode criar algo de muito sério", disse Greye, que tem oito anos de idade e vive em Mays Landing, Nova Jersey.
A mãe de Greye, Beth Dunn, presidente de uma companhia de multimídia, se orgulha da consciência nutricional do menino e o encoraja, servindo alimentos orgânicos em suas refeições e ajudando Greye a ler os rótulos nas caixas de cereais matinais e nas latas de alimentos. "Ele quer ser saudável", diz a mãe.
Beth Dunn está entre os muitos pais que vigiam o consumo de açúcar, alimentos industrializados e gorduras trans de seus filhos. Muitas dessas famílias tentam manter uma dieta orgânica. Em termos gerais, sua preocupação não deriva de temor à obesidade - embora isso seja um fator potencialmente influente - mas sim do desejo de proteger suas famílias contra problemas como a hiperatividade, diabetes e doenças cardíacas, que acreditam possam ser evitadas, ou ao menos administradas, por meio de uma nutrição cuidadosa.
Embora não haja muitos especialistas dispostos a criticar os pais pela atenção dedicada à dieta de seus filhos, muitos médicos, nutricionistas e especialistas em distúrbios alimentares se preocupam por alguns pais estarem demonstrando zelo excessivo, ou até obsessão, em seus esforços por criar bons hábitos de alimentação em seus filhos. Apesar de suas boas intenções, esses pais podem estar criando uma impressão de que os alimentos em geral tendem a não ser saudáveis.
"Vemos muita ansiedade nessas crianças", diz Cynthia Bulik, diretora do programa de distúrbios alimentares da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. "Elas vão a festas de aniversário e não aceitam comer o bolo a não ser que ele seja de granola. A cultura levou as crianças e seus pais a estender a extremos as mensagens de saúde pública".
Tiffany Rush-Wilson, conselheira sobre distúrbios alimentares em Pepper Pike, Ohio, passou pela mesma experiência. "Tenho muitos clientes adolescentes, jovens ou crianças que se queixam de que seus pais administram com cuidado excessivo sua alimentação, com base em padrões de saúde e crenças pessoais", ela diz. "A alimentação dos filhos se torna muito restritiva, e é por isso que eles terminam chegando a mim".
Certamente nem todos os pais que impõe regras sobre alimentos saudáveis - ou qualquer plano de dieta definido - estão encaminhando seus filhos a problemas alimentares futuros. Distúrbios clínicos, como a anorexia nervosa e a bulimia, diagnosticados em um número crescente de adolescentes e jovens nas duas últimas décadas, são vistos pelos especialistas como provenientes de diversas causas, entre as quais motivos genéticos, influência da mídia de massa e pressões sociais.
Até hoje não foram conduzidos estudos formais sobre a possibilidade de que as obsessões dos pais com alimentos saudáveis possam conduzir a distúrbios alimentares. Alguns especialistas afirmam que uma obsessão extrema com alimentos saudáveis é só um sintoma, e não uma causa, de um distúrbio alimentar.
Mas mesmo sem números firmes, relatórios incidentais oferecidos por especialistas sugerem que uma preocupação em evitar "maus" alimentos é uma questão importante para muitos jovens que procuram ajuda.
O médico James Greenblatt, diretor de medicina no Walden Behavioral Care, um hospital que se especializa em distúrbios alimentares infantis e adultos em Waltham, Massachusetts, estima que recentemente tenha visto alta de até 15% no número de pacientes jovens que só comem alimentos orgânicos a fim de evitar pesticidas.
"Muitos dos pacientes que atendemos nos últimos seis anos limitam o consumo de açúcar refinado e produtos com alto teor de gordura devido ao medo de ganhar peso", ele disse. "Mas agora essas preocupações são expressas muitas vezes em termos de questões de saúde"
Lisa Dorfman, nutricionista e diretora do programa de nutrição e desempenho esportivo da Universidade de Miami, diz que muitas vezes vê crianças aterrorizadas diante de alimentos que seus pais consideram "ruins". "É quase como um medo de morrer, um medo de doença, como uma visão ilusória dos alimentos em geral", ela diz. "Vejo crianças cujos pais as levam a hipnotizadores. Vejo garotos de cinco anos de idade que falam como se tivessem 40. Não conseguem comer uma bolacha de chocolate e creme sem expressar preocupação sobre a gordura trans"
Steven Bratman, médico em Denver, cunhou uma expressão que designa as pessoas obcecadas com alimentos saudáveis: ortorexia. Os pacientes ortoréxicos, ele afirma, sofrem de uma fixação quanto a "comer corretamente"(a palavra deriva do prefixo grego "orto", que significa reto e correto).
"Eu digo a eles que são viciados em alimentos saudáveis. É meu modo de estimulá-los a não se levarem tão a sério", disse Bratman, que publicou um livro sobre os consumidores viciados em alimentos saudáveis, em 2001. O problema, ele diz, pode se originar de um lar onde exista uma preocupação exagerada com a "alimentação saudável".
Muitos especialistas em distúrbios alimentares contestam esse conceito. Afirmam que a ortorexia, que não é considerada como diagnóstico clínico de um problema real, representa simplesmente uma variedade da anorexia nervosa ou da gama dos distúrbios obsessivos-compulsivos.
Angelique Sallas, psicóloga clínica que trabalha em Chicago, diz que a idéia de um "distúrbio dos alimentos saudáveis" não tem quase nenhum significado prático. "Não acredito que os sintomas desses suposto distúrbio sejam suficiente diferentes daqueles que caracterizam a bulimia ou a anorexia, e entendo que por isso ele não mereça uma categoria especial de diagnóstico", ela disse. "Trata-se de um distúrbio obsessivo-compulsivo como os demais que conhecemos. O objeto da obsessão é menos relevante do que o fato de que as pessoas que sofrem desse problema estejam praticando um comportamento obsessivo".

Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME 
   
The New York Times. Fonte: Terra. Matéria de Abby Ellin 



Klaus Dettweiler, Taoan Kokay, Celso Henrique Ferro